Geometria
A Geometria (em grego
antigo: γεωμετρία; geo- "terra", -metria "medida")
é um ramo da matemática preocupado com questões de forma, tamanho e posição
relativa de figuras e com as propriedades do espaço. Um matemático que trabalha
no campo da geometria é chamado geômetra. A geometria surgiu independentemente
em várias culturas antigas como um conjunto de conhecimentos práticos sobre comprimento,
área e volume, sendo que o aparecimento de elementos de uma ciência matemática
formal é no mínimo tão antigo quanto Tales (6º século AC). Por volta do 3º
século AC a geometria foi posta em uma forma axiomática por Euclides, cujo
tratamento, chamado de geometria euclidiana, estabeleceu um padrão que perdurou
por séculos.[1]
Arquimedes desenvolveu técnicas engenhosas para calcular áreas e volumes,
antecipando em várias maneiras o moderno cálculo integral. O campo da astronomia,
especialmente o mapeamento das estrelas e planetas na esfera celestial e a
descrição das relações entre os movimentos dos corpos celestiais, foi uma das
mais importantes fontes de problemas geométricos durante os mil e quinhentos
anos seguintes. Tanto a geometria quanto a astronomia foram consideradas no
mundo clássico parte do Quadrivium, um subgrupo das sete artes liberais cujo
domínio era considerado essencial para o cidadão livre.
Como
mostrado por Arquimedes, uma esfera tem 2/3 do volume de seu cilindro
circunscrito.
A geometria
esférica é um exemplo de geometria não-euclidiana. Ela tem aplicações práticas
em navegação e astronomia.
A partir da experiência, ou,
eventualmente, intuitivamente, as pessoas caracterizam o espaço por certas
qualidades fundamentais, que são denominadas axiomas de geometria (como, por
exemplo, os axiomas de Hilbert). Esses axiomas não são provados, mas podem ser
usados em conjunto com os conceitos matemáticos de ponto, linha reta, linha
curva, superfície e sólido para chegar a conclusões lógicas, chamadas de teoremas.
A influência da geometria
sobre as ciências físicas foi enorme. Como exemplo, quando o astrônomo Kepler
mostrou que as relações entre as velocidades máximas e mínimas dos planetas,
propriedades intrínsecas das órbitas, estavam em razões que eram harmônicas —
relações musicais —, ele afirmou que essa era uma música que só podia ser
percebida com os ouvidos da alma — a mente do geômetra.
Com a introdução do plano
cartesiano, muitos problemas de outras áreas da matemática, como álgebra,
puderam ser transformados em problemas de geometria, muitas vezes conduzindo à
simplificação das soluções.
Origens da
geometria
Egito
Ilustração
do ensino da Geometria, dos Elementos de Euclides.
A matemática surgiu de
necessidades básicas, em especial da necessidade econômica de contabilizar diversos
tipos de objetos. De forma semelhante, a origem da geometria (do grego geo
=terra + metria= medida, ou seja, "medir terra") está
intimamente ligada à necessidade de melhorar o sistema de arrecadação de impostos
de áreas rurais, e foram os antigos egípcios que deram os primeiros passos para
o desenvolvimento da disciplina.
Todos os anos o rio Nilo
extravasava as margens e inundava o seu delta. A boa notícia era a de que as
cheias depositavam nos campos de cultivo lamas aluviais ricas em nutrientes,
tornando o delta do Nilo a mais fértil terra lavrável do mundo antigo. A má
notícia consistia em que o rio destruía as marcas físicas de delimitação entre
as possessões de terra, gerando conflitos entre indivíduos e comunidades sobre
o uso dessa terra não delimitada.
A dimensão desses conflitos
pode ser apreciada na repercussão que se encontra no Livro dos Mortos do
Egito, onde uma pessoa acabada de falecer tem de jurar aos deuses que não
enganou o vizinho, roubando-lhe terra. Era um pecado punível com ter o coração
comido por uma besta horrível chamada o «devorador». Roubar a terra do vizinho
era considerado uma ofensa tão grave como quebrar um juramento ou assassinar
alguém. Sem marcos fronteiriço, os agricultores e administradores de templos,
palácios e demais unidades produtivas fundadas na agricultura não tinham
referência clara do limite das suas possessões para poderem cultivá-la e
pagarem os impostos devidos na medida da sua extensão aos governantes.
Os antigos faraós resolveram
passar a nomear funcionários, os agrimensores, cuja tarefa era avaliar os
prejuízos das cheias e restabelecer as fronteiras entre as diversas posses. Foi
assim que nasceu a geometria. Estes agrimensores, ou esticadores de corda
(assim chamados devido aos instrumentos de medida e cordas entrelaçadas
concebidas para marcar ângulos retos), acabaram por aprender a determinar as
áreas de lotes de terreno dividindo-os em retângulos e triângulos.
Acredita-se em geral que a
origem da geometria se situa no Egito, o que é natural, pois, para a construção
das pirâmides e outros monumentos desta civilização, seriam necessários
conhecimentos geométricos. Estudos mais recentes contrariam esta opinião e
referem que os egípcios foram buscar aos babilónios muito do seu saber.
Topologia e
geometria
O nó de
trevo.
O campo da topologia, em que
houve enorme desenvolvimento no século XX, é em sentido técnico um tipo de geometria
transformacional, em que as transformações que preservam as propriedades das
figuras são os homeomorfismos (por exemplo, isto difere da geometria métrica,
em que as transformações que não alteram as propriedades das figuras são as isometrias).
Isto tem sido frequentemente expresso sob a forma do dito "a topologia é a
geometria da folha de borracha".
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