Teoria da relatividade
A
Teoria da Relatividade é a denominação dada ao conjunto de duas teorias
científicas: a Relatividade Restrita (ou Especial) e a Relatividade Geral[1].
A
Relatividade Especial é uma teoria publicada em 1905 por Albert Einstein,
concluindo estudos precedentes do matemático francês Henri Poincaré e do físico
neerlandês Hendrik Lorentz, entre outros. Ela substitui os conceitos
independentes de espaço e tempo da Teoria de Newton pela ideia de espaço-tempo
como uma entidade geométrica unificada. O espaço-tempo na relatividade especial
consiste de uma variedade diferenciável de 4 dimensões, três espaciais e uma
temporal (a quarta dimensão), munida de uma métrica pseudo-riemanniana, o que
permite que noções de geometria possam ser utilizadas. É nessa teoria, também,
que surge a ideia de velocidade da luz invariante.
O
termo especial é usado porque ela é um caso particular do princípio da
relatividade em que efeitos da gravidade são ignorados. Dez anos após a
publicação da teoria especial, Einstein publicou a Teoria Geral da
Relatividade, que é a versão mais ampla da teoria, em que os efeitos da
gravitação são integrados, surgindo a noção de espaço-tempo curvo.
História
Albert
Einstein fotografado por Oren J. Turner em 1947.
O
princípio da relatividade foi surgindo ao longo da história da filosofia e da
ciência como consequência da compreensão progressiva de que dois referenciais
diferentes oferecem visões perfeitamente plausíveis, ainda que diferentes, de
um mesmo efeito.
O
princípio da relatividade foi introduzido na ciência moderna por Galileu e
afirma que o movimento, ou pelo menos o movimento retilíneo uniforme, só tem
algum significado quando comparado com algum outro ponto de referência. Segundo
o princípio da relatividade de Galileu, não existe sistema de referência
absoluto pelo qual todos os outros movimentos possam ser medidos. Galileu
referia-se à posição relativa do Sol (ou sistema solar) com as estrelas de
fundo. Com isso, elaborou um conjunto de transformações chamadas 'transformadas
de Galileu', compostas de cinco leis, para sintetizar as leis do movimento
quanto a mudanças de referenciais. Mas naquele tempo acreditava-se que a
propagação eletromagnética, ou seja, a luz, fosse instantânea; e, portanto,
Galileu e mesmo Newton não consideravam em seus cálculos que os acontecimentos
observados fossem dissociados dos fatos. Esse fenômeno que separava a luz do
som, aqui na Terra, seria mais acentuado quando observado a grandes distâncias,
e já mostrava, em fins do século XIX, a importância de estabelecer normas
aplicáveis a uma teoria do tempo.
Muitos
historiadores e físicos atribuem a criação da famosa fórmula que explica a
relação entre massa e energia ao físico italiano Olinto De Pretto, que, segundo
especulações, desenvolveu a fórmula dois anos antes que Albert Einstein, e que
teria previsto o seu uso para fins bélicos e catastróficos, como o
desenvolvimento de bombas atômicas. Apesar disso, foi Einstein o primeiro a dar
corpo à teoria, juntando os diversos fatos até então desconexos e os
interpretando corretamente.
Postulados da
relatividade
1.
Primeiro
postulado (princípio da relatividade)
As
leis que governam as mudanças de estado em quaisquer sistemas físicos tomam a
mesma forma em quaisquer sistemas de coordenadas inerciais.
Nas
palavras de Einstein:
"...existem
sistemas cartesianos de coordenadas - os chamados sistemas de inércia -
relativamente aos quais as leis da mecânica (mais geralmente as leis da física)
se apresentam com a forma mais simples. Podemos assim admitir a validade da
seguinte proposição: se K é um sistema de inércia, qualquer outro sistema K' em
movimento de translação uniforme relativamente a K, é também um sistema de
inércia."
2.
Segundo
postulado (invariância da velocidade da luz )
A
luz tem velocidade invariante igual a c em relação a qualquer sistema de
coordenadas inercial.
A
velocidade da luz no vácuo é a mesma para todos os observadores em referenciais
inerciais e não depende da velocidade da fonte que está emitindo a luz,
tampouco do observador que a está medindo. A luz não requer qualquer meio (como
o éter) para se propagar. De fato, a existência do éter é mesmo contraditória
com o conjunto dos fatos e com as leis da mecânica.
Apesar
do primeiro postulado ser quase senso comum, o segundo não é tão óbvio. Mas ele
é de certa forma uma consequência de se utilizar o primeiro postulado ao se
analisarem as equações do eletromagnetismo. Através das transformações de
Lorentz pode-se demonstrar o segundo postulado.
Porém,
é necessário dizer que Einstein, segundo alguns, não quis basear a relatividade
nas equações de Maxwell, talvez porque entendesse que a validade destas não era
ilimitada. Isto decorre da existência do fóton, o que tacitamente indica que as
equações de campo previstas por Maxwell não podem ser rigorosamente lineares.
Consequências da
relatividade especial
A
relatividade especial tem consequências consideradas bizarras por muitas
pessoas. Esta opinião é perfeitamente compreensível, pois estas consequências
estão relacionadas a comparações entre observadores movimentando-se a
velocidades próximas à da luz, e o ser humano não tem nenhuma experiência com
viagens a velocidades comparáveis à velocidade da luz. Eis algumas das
consequências:
ao
observar qualquer relógio que se mova no referencial adotado, um observador
estático na origem do citado referencial verá o relógio móvel atrasar-se em
relação ao relógio estático que carrega consigo. O intervalo de tempo próprio
corresponde ao menor dos intervalos de tempo separando dois eventos passíveis
de serem mensurados mediante observação de relógios no referencial em questão.
Ou de forma equivalente, o intervalo de tempo próprio de um dado referencial é
usualmente menor que os correspondentes intervalos de tempo próprios de outros
referenciais que encontrem-se animados em relação ao primeiro e que estejam a
observar os mesmos eventos em consideração.
Eventos
que ocorrem simultaneamente em um referencial inercial não são necessariamente
simultâneos em outro referencial em movimento relativo (falta de
simultaneidade).
Medidas
acerca das dimensões de objetos que se movem em relação a um dado referencial
serão inferidas com valores menores do que as determinadas para os mesmos
objetos quando inferidas em referenciais nos quais estes encontrem-se
inanimados. Se um corpo está em movimento ao longo de um eixo em um dado
referencial, a dimensão do corpo ao longo deste eixo parecerá menor do que
aquela determinada quando o mesmo corpo encontrava-se parado em relação ao
referencial do observador (contração dos comprimentos) .
Aparentes paradoxos da
Relatividade Restrita
Gêmeos
Há
aqui dois aspectos diferentes a serem considerados. O primeiro é que, no
contexto da mecânica clássica, a dilatação temporal não existe, o que levaria o
gêmeo que viajou na nave estranhar a disparidade dos tempos decorridos
experimentados por ele e pelos que ficaram na Terra.
Porém,
o real paradoxo aqui é o fato de que, mesmo se aceitando a dilatação temporal,
o gêmeo que viajou pelo universo a bordo da nave, sob velocidades próximas à da
luz, tem todo o direito (no escopo da RR) de alegar que a Terra é que se movia
com velocidade próxima à da luz. Assim, ele acha que a Terra é que deveria ter
tido o seu fluxo de tempo alterado.
O
entendimento perfeito desse efeito, porém, só pode ocorrer se lembrar que a
nave percorreu uma trajetória maior (considerando-se a trajetória no
espaço-tempo) e, além do mais, ambos os referenciais em algum momento sofrem
acelerações.
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